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Políticas para o Desenvolvimento Humano




Muito se fala nos dias atuais que o grande diferencial das organizações são seus colaboradores, que a qualificação e criatividade destes é que fazem a diferença para o resultado da empresa.

Sem dúvida que o diferencial são as pessoas, mas não pela ótica do resultado, não pelo que podem agregar de valor; mas simplesmente por serem humanos, pelo seu valor intrínseco como sujeito portador de possibilidades.

Em tempos de pandemia precisamos construir a valorização do humano, invertendo valores e buscando superar a visão reducionista do homem estritamente dentro de suas possibilidades produtivas.

Nosso modelo hoje supervaloriza a objetividade e mercantilização nas relações e o individualismo exacerbado. Em contraponto, propomos o resgate da subjetividade, o resgate do homem em sua dimensão humana por si só.

Talvez o momento coronavírus e pós-coronavírus seja o mais adequado para fazer essa virada, pois o colapso da economia vem consolidando as seguintes percepções, contrárias ao modelo vigente:

- o crescimento infinito num mundo de recursos finitos é impossível*,

- o atual modelo de sociedade de consumo precisa ser revisto, como pregam os ambientalistas;

- o modelo neoliberal parece estar esgotado, visto a utilização massiva do Estado para subsistência dos cidadãos e sobrevivência das empresas.

O colaborador não é um recurso, como uma máquina. A palavra recurso introduz a idéia de algo a ser levado, carregado, manipulado, utilizado. Ideia de algo quantificável.

As pessoas nas organizações são muito mais que mercadorias ou valores a serem contabilizados ou contados, são, antes de tudo, pessoas - fator humano.

Pensar o humano enquanto tal, desta forma abrangente, pressupõem considerar o homem em todas as suas dimensões, sem fragmentar os vários papéis desempenhados quotidianamente pela pessoa, sem desconectar as suas faces sensoriais e emotivas dos aspectos laborais e intelectuais.

Pode-se considerar, em última análise, uma visão holística do homem, que o concebe em sua complexidade** como razão, intelectualidade, emoção, corpo, oralidade, sensação, sentimento, vibração, energia, espiritualidade, sexualidade, linguagem, movimento, percepção, intuição e criatividade.

Pensar desta maneira pressupõe a valorização e o investimento em outro elemento definidor do humano que é sua condição de permanente evolução, de constante desenvolvimento, bem como acreditar nas permanentes possibilidades de devir d.

Dentro desta perspectiva, o desenvolvimento não é desconectado, mas global, visualizando este ser humano em seu contexto social, familiar, laboral, etc. e considerando as diferentes e divergentes realidades e concepções que compõem o seu ser.

É esta agenda de discussões que cabe à Gestão de Pessoas / Recursos Humanos chamar: promover atividades no sentido de conhecer / reconhecer quem é esse Humano, onde atua e como atua, para que ele (colaborador) possa compreender-se e situar-se nos diferentes papéis na organização.

Uma proposta de desenvolvimento humano precisa delinear estratégias para trabalhar questões de qualidade de vida, de trabalho, de saúde, de desenvolvimento, de relações do eu comigo e do eu com o outro, relações do eu com a empresa, trabalhar o corpo, consciência corporal e a mente na inter-relação com o todo, situação social e contextual, trabalhar estas e outras questões dentro do paradigma da visão do todo. A pauta central da discussão é o humano na organização.

O quotidiano está repleto de histórias de vida de pessoas que passaram algum tempo se frustrando em alguma atividade e, consequentemente, sendo consideradas e sentindo-se incompetentes nesta atividade; até virem a descobrir que sua vocação não era aquela, e sim outra.

Dentro desta perspectiva, valorizar o humano pressupõe que todos temos qualidades, habilidades e inteligência diversas. Cabe à Gestão de Pessoas “do futuro” resolver (ou talvez problematizar) esta equação de diferentes saberes, experiências, vivências, conhecimentos, sentimentos que cada pessoa traz, respeitando e valorizando a diversidade.

Muitas vezes em nossa área (mas cumpre salientar que isso não ocorre somente em GP) incorporamos modinhas estrangeiras sem o referido “penso” e sem mínimas adequações a nossa realidade brasileira.

Na contramão, nossa proposta é pensar políticas e ações em Gestão de Pessoas a partir desse paradigma no Brasil de hoje, 2020 – pandemia, crise, empobrecimento; indo muito além de incorporar modismos estrangeiros prontos e construindo hoje o futuro da área de Gestão de Pessoas.

Em outras palavras: Gestão de Pessoas made in Brazil.

 

* Como diz um biólogo amigo meu comentando a supervalorização do crescimento econômico hoje, muitas vezes em detrimento das pessoas e do meio ambiente: “crescer por crescer é o objetivo da célula cancerosa”.

** Complexidade aqui no conceito de Edgar Morim (obras diversas) no sentido inicial da origem da palavra complexus (latim): aquilo que é tecido junto. Alerto que essa é uma simplificação grosseira do pensamento de Morin. Quem tiver interesse, sugiro começar lendo “Introdução ao Pensamento Complexo”.

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